Em tempos de verbas reduzidas, crises epidemiológicas e envelhecimento vegetativo da população a gestão dos gastos da saúde pública é um fator que vem sido acompanhado com apreensão por gestores municipais. Independente da situação, o serviço de saúde não pode parar. Neste texto então, falaremos sobre como otimizar os gastos na saúde em seu município.
Para tal existe um montante considerável de desafios. Otimizar gastos, aumentar o contingente profissional, ampliar o alcance do atendimento. O resultado esperado aqui é ajudar que este benefício público adquira longevidade e consistência na sua qualidade e eficiência.
O que você verá neste texto sobre gastos na saúde municipal?
Nesta leitura de 10 minutos vamos elencar os quatro principais responsáveis pelo dinheiro usado na saúde. Em seguida, falaremos sobre ações que promovam eficiência nestes quatro aspectos e, ao final do texto, temos três oportunidades pouco comentadas mas que podem trazer uma considerável economicidade para seu município.
Quais os principais tipos de gastos na saúde?
Para os fins deste texto, dividimos os principais gastos na saúde pública em quatro grupos. Partindo deste princípio, ao longo da leitura, você deve deixar estes pontos em mente para relacioná-los às melhorias e oportunidades que temos a te apresentar.
1. Profissionais atuantes no sistema público de saúde
Médicos, enfermeiros, técnicos, assistentes, agente de saúde pública, psicólogos, nutricionistas e equipe administrativa. Todos estes são indispensáveis para o funcionamento da saúde municipal e que, portanto, configuram um dos principais gastos em saúde.
2. Materiais utilizados durante os procedimentos
De objetos para atenção básica e triagem até insumos cirúrgicos especializados. Existe uma gama de materiais e recursos cuja operacionalização de uma antedimento torna-se impossível sem, tornando essa uma despesa indispensável na saúde.
3. Ações realizadas durante e para os atendimentos
O atendimento, os procedimentos, a triagem, limpeza, deslocamento, transporte, logística. Tempo é dinheiro, e a realização de todas as atividades indispensáveis nos atendimentos também configuram-se entre os principais gastos na saúde municipal.
4. Estruturas e equipamentos utilizados na saúde municipal
Os ativos imobilizados, máquinas, veículos e grandes equipamentos. Desde UBS, hospital e UPA, passando por carrinhos de limpeza, impressoras, computadores e até máquinas de ressonância, ultrassom. Todos estes itens configuram outro substancial dispêndio em saúde.
Três agravantes dos gastos na saúde
Partindo destes quatro aspectos, vamos explorar de forma difusa, possibilidades de trabalhar na redução destes gastos. Todavia, antes queremos pontuar três questões agravantes e recorrentes na saúde pública que precisam de extrema atenção:
1. Envelhecimento:
A mudança na configuração demográfica no Brasil, proveniente do envelhecimento da população, aumenta consideravelmente os gastos com cuidados médicos de alto custo. Tais como, profissionais especialistas, material médico específico e medicações especializadas. Como exemplo, podemos trazer os diversos casos de judicialização de medicamentos.
Exemplo: Segundo a Secretaria de Comunicação do Tribunal de Contas da União, processos judiciais referentes à saúde entre 2008 e 2015, saltaram de 70 milhões para R$ 1 bilhão, um aumento de mais de 1.300% em sete anos. O fornecimento de medicamentos, alguns sem registro no Sistema Único de Saúde, corresponde a 80% das ações.
2. Vícios:
Tabagismo e alcoolismo levam a doenças crônicas que, eventualmente, ocasionam em tratamentos recorrentes e dispendiosos para o sistema público de saúde. Transplantes e tratamentos oncológicos poderiam ser evitados com a devida atenção preventiva deste problema.
3. Desperdícios:
A má gestão das operações, logísticas e manejo ocasiona na utilização inadequada e ocasionais perdas de recursos indispensáveis e caros. Ampolas quebradas durante transporte, medicações vencidas e equipamentos danificados. Todos estes gastos na saúde passam quase despercebidos no dia a dia.
Estas são três das principais questões agravantes que envolvem os principais gastos na saúde. Caso você deseja entender mais profundamente sobre estas questões, a Gove pode ajudar, assine nossa newsletter!
Possíveis ações para redução de gastos na saúde
Qualificar a atenção básica
Investir na saúde de atenção básica significa um investimento que se paga ao longo prazo. Primeiramente para tratar de doenças infecciosas que necessitam apenas de cuidados higiênicos.
10% das doenças registradas ao redor do mundo poderiam ser evitadas se os governos investissem mais em acesso à água, medidas de higiene e saneamento básico. Como a diarreia que mata 2.195 crianças por dia e faz mais vítimas do que a Aids, a malária e o sarampo juntos. É a segunda causa de morte entre meninos e meninas entre 1 mês e 5 anos no mundo¹.
Além de que, doenças provocadas por maus hábitos, como diabetes e hipertensão e/ou relacionadas vícios, como fumo e alcoolismo, poderiam ser evitadas com o correto cuidado precoce. Para tal, deve-se incrementar o gasto na saúde básica para construção de um modelo de assistência horizontais, que não foque em atender apenas episódio, uma medicina remediativa, mas um tratamento ao longo da vida.
¹Relatório do instituto Trata Brasil com base nos documentos: Relatório sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos – ONU-Água e “Atlas on Children’s Health and the Environment“ – WHO 2017
Realizar medicina preditiva
Ao longo deste acompanhamento deve haver, inclusive, o registro de dados, para que os mesmos possam ser usados na criação de uma base fundamental para medicina preditiva. Com ela, será possível traçar cenários futuros e identificar possíveis riscos que a população esteja sujeita. Mais uma vez, o cuidado precoce reduz consideravelmente os futuros casos de atendimentos de alta complexidade.
Utilização de softwares
A utilização de tecnologia não reduz apenas gastos na saúde, como despesas em geral. Um software de gestão para instituições de saúde serve principalmente para organizar documentos, reduzir o tempo de procura, manipulação destes e diminuí a duração dessa operação.
Exemplo: Prontuário Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC), o prontuário eletrônico do SUS. Traz uma redução considerável no uso de papel, e da celeridade ao atendimentos pois centraliza todos os dados em uma base segura.
Também pode se considerar a digitalização de imagens e entrega de laudos a distância, reduzindo o tempo de entrega.
Capacitação de profissionais
A falta de técnica no manejo de materiais, medicamentos, procedimentos médicos e administrativos também impactam diretamente nos gastos com a saúde. Dessa forma, a capacitação em todos estes aspectos permitirá uma performance otimizada dentro das unidades básicas de saúde.
Desenvolvimento de processos de atendimento
A gestão de processo é fundamental para otimizar o atendimento e aumentar o rendimento das equipes de saúde. Deve-se então criar um registro documental, de comum acordo entre as áreas envolvidas, para todos os possíveis procedimentos a serem realizados.
Exemplo: A criação de um checklist estruturado para que o clínico geral faça o devido encaminhamento ao especialista, ou detenha o paciente no atendimento de baixa complexidade.
Após a capacitação e difusão de processos deste tipo, pode haver algumas melhoras perceptíveis como a redução na fila de espera no atendimento e entrega de exames ou diminuição do deslocamento interno de equipe médica. Em geral se espera uma eficiência no uso do tempo, aumentando o valor gerado na hora do profissional e, relativamente, a consequente redução em gastos com a saúde.
Otimizar o processo licitatório
Enxugar o processo de compra, dentro dos conformes da Lei Federal 8.666/93, para agilizar a tramitação e fornecimento dos suprimentos. Por conseguinte, melhorar a técnica da elaboração e construção das peças licitatórias para que não haja desvios nas expectativas entre os suprimentos exigidos e os de fato entregues.
Gestão de estoque
Organizar um inventário dos medicamentos e materiais de forma clara. Isso facilitará o controle de dados sobre sua validade, utilização e demanda. Como resultado, evita-se questões como demanda em excesso de medicamentos ou falta de suprimentos. Um dos mais dramáticos gastos na saúde.
Praticidade na logística
Gerir a realização de todo tipo de transporte e sua destinação. Alocar equipamentos e insumos cirúrgicos em locais próximos das salas operatórias e de atendimento. Armazenar lotes de medicamentos em centros de distribuição em locais estratégicos. Inclusive, contratar empresas terceirizadas para realizar este tipo de operação para otimizar o tempo dos profissionais especializados em de saúde.
Oportunidades ocultas na redução de gastos com a saúde municipal
Os exemplos supracitados são comuns e representam as boas práticas que todo gestor municipal pode procurar operacionalizar. Ademais, a Gove vai além e traz para você mais três opções não convencionais para otimizar os gastos na saúde:
1. Parcerias público privadas para diminuir custos na saúde
A realização correta de parcerias público-privadas (PPPs), se mostra uma ótima saída em verbas reduzidas. Existem diversos serviços no mercado que podem otimizar a gestão pública, desde o atendimento, como softwares, até a gestão de materiais, como soluções logísticas.
2. Doações
Outra maneira de realizar parcerias é através da transferência gratuitamente, dentro da lei, de bens, quantias, imóveis ou serviços que por parte de pessoas ou instituições privadas.
3. Integração entre serviços o serviço de saúde pública e privada
Segundo o diretor da Planisa, empresa de 30 anos, focada em gestão em saúde, o SUS atendeu 60% a mais de pacientes com planos de saúde nos últimos cinco anos. “Os sistemas público e privado deveriam estar integrados”, porém eles não conversam.
Em consonância, pode-se aproveitar a oportunidade de PPPs como forma de otimizar os gastos em saúde. A construção de um arranjo produtivo local que foque no uso de tecnologias de informação e comunicação que integrem as informações do Prontuário Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC), aumentando ainda mais a agilidade do atendimento ao cidadão.
Otimização de gastos não é sinônimo de corte de gastos
Entender como otimizar gastos na saúde é crucial para manutenção e expansão sustentável do que se configura como um dos (se não o) principais serviços de interesse público. Esperamos que esse texto tenha feito uma introdução contundente sobre quais caminhos trilhar para redução de gastos. Vale ressaltar que a economicidade não é o único aspecto que um gestor precisa entender para gerir uma pasta tão delicada. Otimização de gastos não é sinônimo de corte!