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Perdas de água no Brasil: qual o cenário atual e quais medidas podem ser tomadas pelos gestores públicos municipais para promover uma maior sustentabilidade na oferta do recurso?

Perdas de água no Brasil: qual o cenário atual e quais medidas podem ser tomadas pelos gestores públicos municipais para promover uma maior sustentabilidade na oferta do recurso?

O atual cenário de perda de água potável no Brasil

Lançado neste ano, o relatório “Perdas de Água 2020 (Ano Base 2018) – Desafios à Disponibilidade Hídrica e Necessidade de Avanço na Eficiência do Saneamento”, publicado pelo Trata Brasil juntamente à organização Water.org (EUA), aponta que, no país, a redução de perdas de água potável tem potencial de ganhos líquidos no valor de R$ 30 bilhões até 2033. Assim, combater vazamentos, fraudes e roubos de água, além de implementar medidores mais modernos e precisos, são medidas que proporcionariam ao país recurso equivalente aos investimentos realizados em saneamento.

Pautando-se em dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Básico, o estudo também mostra que, em 2018, a média de água potável perdida no Brasil foi de 38,45% do total disponibilizado. Isso significou, no ano, perda de 6,5 bilhões de m³ de água, o equivalente a 7,1 mil piscinas olímpicas por dia! Tamanho desperdício de água acarretou perda de faturamento estimada em R$ 12 bilhões, valor equivalente aos recursos investidos na área de água e esgoto no país durante o ano. O quadro agrava-se mais ainda quando a perda de água no país é analisada em relação a anos anteriores. Em 2014 e 2015, o país apresentou perda de água em 36,7% do total disponibilizado. Posteriormente, o número subiu para 38,1% em 2016 e 38,29% em 2017. Tais dados são demonstrados na tabela a seguir:

O cenário do aumento de perda de água potável no Brasil vem acompanhado do aumento da produção de água. Entre 2015 e 2018, estimou-se aumento de 5% na produção de água no país. Isso significa que a subida do desperdício de água vem acompanhado da subida na extração de água da natureza, o que caracteriza uma grave contradição.

A perda de água por macrorregiões nacionais

Não curiosamente, o cenário de perda de água nas diferentes regiões do país acompanha as imensas desigualdades regionais dos índices de desenvolvimento humano. Assim, a região Norte, notadamente que a apresenta os piores índices de desenvolvimento no país, é também aquela onde há o maior desperdício de água potável, 55,53% do total disponibilizado. O contraste é gritante em relação às demais regiões, inclusive a Nordeste, que registrou o segundo maior índice de perdas, 45,98% do total. Nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste, os índices de perda ficam bastante abaixo das duas primeiras regiões comentadas e aproximam-se da média nacional. Tais dados são expostos na tabela a seguir:

Em relação aos Estados brasileiros, apresentam os piores índices de perda de água Roraima (73%), Amazonas (71%) e Amapá (68%). O menor índice de perda de água foi apresentado pelo Rio de Janeiro (33%). Entretanto, o Trata Brasil destaca que tal resultado vem de uma mudança na metodologia de avaliação de volumes realizada pela Cedae/RJ em 2010, e não de ações concretas de redução de perdas. A relação total dos dados de perda de água pelos Estados brasileiros é demonstrada na tabela a seguir:

Quais medidas podem ser tomadas pelos gestores para prevenir a perda de água no país?

Dentre as medidas que podem ser tomadas pelos gestores para promover a diminuição da perda de água em seu espaço territorial, destacam-se, primeiramente, o investimento na infraestrutura do serviço de fornecimento de água. Ademais, merecem atenção a manutenção do sistema de água, a utilização de medidores mais modernos e precisos, o combate a vazamentos, fraudes e roubos, além da penalização das pessoas físicas e jurídicas flagradas ao incidir em práticas ilícitas, dentre outras possíveis. 

Por fim, ressalta-se a relevância de investimento em práticas de gerenciamento e controle de perdas. Tais práticas podem incluir, por exemplo, a implementação de planos municipais de gestão de perdas, baseados em evidências sobre o sistema, a utilização de indicadores de desempenho para acompanhar o progresso das ações e a definição de metas a serem alcançadas em períodos pré-estabelecidos.

É possível diminuir as perdas de água de forma econômica, através da utilização de prevenção, fiscalização e da ciência. 

Por que vale a pena investir no combate à perda de água?

Como os dados supramencionados dizem por si só, o investimento na redução da perda de água traduz-se em economia de recursos aos cofres públicos a médio/longo prazo. 

No mais, é importante lembrar que, ao se investir na melhoria do sistema de água e na redução de perdas, investe-se também no desenvolvimento sustentável nacional, na qualidade de vida das gerações atuais e futuras, bem como no futuro social e econômico do país.

Quer saber mais sobre o relatório Perdas de Água 2020 (Ano Base 2018)? Acesse:

http://www.tratabrasil.org.br/blog/2017/11/16/perdas-de-agua-causa-e-consequencias/

 

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